domingo, 24 de outubro de 2010

Liberdade


Hoje resolvi falar sobre Liberdade
Estava lendo um poema da Cecília Meireles, gostei e resolvi postar aqui:

“Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra liberdade, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade!”; nossos avós cantaram: “Ou ficar a pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!”; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós”; e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da pátria...” – em certo instante;
Somos pois criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre – como diria o famoso conselheiro... – é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partis esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado – é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.)
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatóriamente entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir. (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!...
Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêncio para chearem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da liberdade nas mãos!...
São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da liberdade. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.
Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos que falam de asas, de raios fúlgidos – linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos contrutores de Babel...”

Achei esse poema muito interessante, o que eu entendo dele é que todos nós podemos ser livres e que essa escolha depende somente da gente. Ser livre não é não seguir regras ou não ter uma rotina, mas sim ser você mesmo e não ter medo de arriscar, não ter medo de se aventurar pela vida, não ter medo de errar. A partir do momento que a gente se acomoda em qualquer situação ou temos medos de seguir em frente, nós abrimos mão da nossa liberdade, pois para sermos livres temos que arcar com as conseqüências dos nossos atos também, e tudo isso apenas nos fortalece e torna nossa liberdade cada vez maior. Por isso nunca é tarde demais pra gente mudar e arriscar novos caminhos em nossas vidas, e se errarmos, é só começar de novo. Não podemos consertar os erros cometidos, mas podemos não cometer os mesmos erros de novo.

3 comentários:

  1. Ou, como diria Clarice Lispector....
    "Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome." *___*

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  2. Concordo plenamente - inclusive achando que já escrevi algo similar num dos meus textos há muito tempo - com a parte que fala sobre arcar com as consequências dos nossos atos. Eu diria mais: Também temos que arcar com as consequências da ausência de certos atos às vezes. O ser humano é muito acomodado, dificilmente enxerga o panorama geral quando quer alguma coisa. Tudo é causa e efeito. Eu tenho o privilégio de dizer que ouso arriscar.

    Legal, gostei da reflexão. Vou voltar a passar mais aqui. =P

    Bjo bjo

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  3. A liberdade é uma faca de dois gumes... se vc estiver pronto para ela, tudo se tornará perfeito do jeito que vc quiser, agora se vc não estiver pronto e quiser tê-la de uma maneira forçada, poderá acabar em ruínas. Penso como Aristoteles ao dizer que o meio termo é sempre o mais indicado, nem o excesso, nem a falta... a liberdade moderada, com respeito aos outros e a mim mesmo, a liberdade com responsabilidade e virtuosa. Muito bom o texto e sua reflexão, nao conhecia esse seu blog, adorei mesmo!

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